quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O caos esta a solta

Trabalho no prédio que fica na rua central de toda confusão. Da sala onde eu estava dava pra ouvir os gritos das pessoas que estavam do lado de fora. A polícia, com apenas uma viatura cercava a rua próxima a receita municipal. Todos os funcionários do prédio estavam na varanda observando o que estava acontecendo no final da rua. A confusão era muito grande, pessoas corriam pra todos os lados, pedras eram atiradas em direção às janelas das lojas. Neste momento eu só conseguia pensar nos meus três amigos que trabalham lá: Jessé e suas esposa Jessica, e Jiumaria. Além disso também pensei em todas as pessoas inocentes que estavam presas dentro da loja, aguardando uma oportunidade pra sair daquele inferno.

Pelas ruas a coisa também estava complicada. Saí com as funcionarias da loja Bahiacred e tentei ao máximo tranqüilizar duas amigas que estavam comigo, a Flávia e a Andreia. No centro comercial da cidade varias loja já havia fechado suas portas antes das 18:00h, pois o movimento de pessoas e a confusão entre elas era muito intenso. De longe podíamos ouvir alguns tiros... não sei exatamente quem estava atirando, mas imaginei que poderia ser a polícia. Mas atirando no que, ou em quem??? Amanha, tenho certeza de que esta cidade estará bem movimentada com tudo isso que aconteceu hoje.

Enquanto estava andando pelas ruas eu só pensava no que poderia acontecer se fossemos atacados ali. Eu estava muito apreensivo, sem contar que vi muitas pessoas correndo com eletrodomésticos na mão. Depois de algum esforço consegui deixar as meninas numa rua segura e fui pra casa. Minha mãe já estava muito nervosa e preocupada com minha demora. Enquanto estávamos em casa vimos alguns vizinhos passando com caixas enormes na cabeça. Certamente que eles estavam roubando o deposito que fica aqui perto de casa, e eu conheço uns dois que passaram por aqui carregando coisas.

No radio, que a todo momento dava noticias sobre o que estava acontecendo, os locutores disseram que atearam fogo em colchões dentro da loja Guaibim. Meu Deus, como isso foi ficar assim? Lembro muito bem da tranqüilidade que existia em meu bairro. Há muito tempo esta tranqüilidade deixou de existir. Já fui assaltado em minha rua duas vezes, a casa do meu irmão já foi invadida umas quatro vezes e a casa dos meus pais recentemente foi arrombada. Onde está nossa paz? Onde estão as pessoas que escolhemos para administrarem os nossos impostos? Eles estão em suas mansões com seus seguranças e cercas elétricas, enquanto nós cidadão estamos à mercê do crime, do trafico.

Nossa paz foi arrancada de nossas mãos de maneira tão sutil que demoramos a perceber o erro que cometemos com cada voto que demos a políticos corruptos, cada ajuda que comprou a escolha do valenciano com uma cesta básica, um empreguinho na prefeitura, uma notinha de 50 ou 100 no bolso. Essa cidade fede a oportunismos e oligarquias.

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